sexta-feira, 21 de dezembro de 2012


Apago, recomeço, apago, e recomeço outra vez...
As horas passam, já é noite. O mundo escureceu. Recomecei novamente e não quero ter motivos para apagar, estou cansada dessa incessante briga comigo mesma. Deixo-me guiar pelos dedos, escrevo sem o intuito de corrigir os meus erros. Escrevo por que as palavras que me vêem agora são como vozes que me dizem coisas, e eu não podemos apagar o que dizem outras vozes. Eu não posso frear os sussurros, não mais.
Nesse instante meu peito estar tomado de raiva, nesse instante eu queria poder não ser eu, pois dessa forma, fugindo de mim mesma eu não sentiria essa incapacidade juntamente com esses sentimentos de ódio, e seria, quem sabe, um alguém melhor. Mas não posso fugir, por mais que eu queira, sei que é inútil ignorar o que se passa dentro de mim, assim como é inútil escrever  essas palavras. Mas faço isso por que de certa forma espero me esvaziar.  
O meu coração dói, e não posso respirar normalmente. Fugir seria o mais correto? Mas para onde? Que lugar abrigaria um ser tão complexo, cheio de enigmas e mistérios? Não. Eu não devo fugir a dor não me abandonará. Ela está aqui, tocando friamente o meu ombro. Eu posso senti-la. Ouço suas frases, sozinha nessa casa, a mercê da noite. Mas não a temo, não.
Continuo sentindo raiva, e provavelmente sentirei até que se esgotem as palavras, ou que simplesmente canse de escrevê-las. O mundo não se importa. O mundo não é nada, e eu não sou parte dele.  Vivo solitariamente a minha própria solidão, e não quero companhia nessa caminhada incerta que se chama vida. Sinto-me bem dessa forma. A solidão me abriga no ápice da minha decadência interna, entende minha dor melhor do que as palavras, e até, melhor do que mim mesma.
Sinto minha raiva se esgotando por dentro, afundando nas águas turvas das minhas lágrimas reprimidas. Estou bem. Temporariamente bem. Agora não a por que continuar a escrever. Pouparei as palavras, pois sei que brevemente precisarei das mesmas. Descanso-as dentro de mim, para que no futuro incerto elas possam ser a salvação da minha alma. 

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