De repente eu me vejo parada em estradas desconhecidas, uma
possui flores de todas as cores, porém a outra não há nada. Nada que me induza
a seguir em frente, a dar os primeiros passos, mas mesmo assim eu caminho, me
afasto das flores, dos cantos dos pássaros, e vou por uma estrada de vegetação
seca, de pedras grandes, sombrias. Eu vou até onde os meus pés aguentarem. Vou,
pois tenho medo de parar em uma encruzilhada sem destino certo, sem um caminho
predestinado, sem um lugar que seja inteiramente meu.
Temo o meu caminho, pois nele a muita curva e todas elas são
cheia de nevoas que me impedem de enxergar o que possui a diante. Eu caminho de
olhos fechados, com medo de tropeçar nas grandes pedras que até agora –apesar ainda
cega- consegui me desviar. Não sei quem sou, acho que a escuridão desse caminho
tortuoso me tirou a pouca lucidez que ainda me restava. Sinto-me oca, mas
continuo. A caminhada agora é longa, e eu já não sei para onde vou.
Medo. Tenho medo a cada novo passo. Medo de seguir em
frente, medo de parar, de olhar para o lado e encontrar fantasmas me olhando.
Medo da solidão que me acompanha e me protege. Medo do silêncio que grita por
entre as arvores secas de um caminho que não terá fim.
Sou um reflexo dos meus medos! E já não sei como conseguirei
me desprender de cada um deles, pois sinto que me dominam, me aprisionam, me
mantém refém, enquanto eu nada posso fazer.
Caminharei então por essa estrada tão escura, mas não me
importo. Estou cega, e seguirei o meu extinto, deixarei que a escuridão me
leve, serei guiada pelas sombras na espera que elas me induzam até o fim desse
caminho tão árduo ao qual eu estou presa desde o meu nascimento.




