quarta-feira, 7 de novembro de 2012


Tem dias que acordo querendo escrever o mundo, ouvindo tudo e gravando cada sensação que o universo joga ao vento. Tem dias que parece que as horas não passam o relógio não anda, nada acontece, e eu fico sem saber como demonstrar essa inquietação interna que me rouba as palavras da ponta dos dedos como um ladrão a sua pedra mais preciosa. Então tento, leio algo, penso rabisco, mas nada parece fazer sentido nesses dias em que o relógio não anda e nada acontece.
Caminho até o próximo cômodo da casa, e aos meus olhos tudo estar arrumado demais perto dessa bagunça interna que existe dentro do meu peito, então sento, e tomo um café quente esperando que as palavras voltem às linhas do meu caderno, mas o relógio não nada e nada acontece, e tudo fica assim meio monótono, quase sem sentido algum para mim e essa minha estranha mania de procurar fazer poesia onde não há inspiração se quer para um verso torto de uma escritora oca que procura preencher o vazio com as palavras que o mundo joga sobre o vento que enrosca o entardecer e vem direto pro papel, como se essas palavras já soubessem o que cada um de nós precisa, ou pior ainda, como se elas conseguissem camuflar o buraco que há em cada escritor.
Mas o relógio não anda e nada acontece, e eu fico aqui sozinha com meus pensamentos, esperando que talvez o café esquente ou que o tempo me faça esquecer o que ainda é tão vivo dentro dos meus pensamentos. Mas nada parecem acontecer, os dias são monótonos, as palavras não vêem o relógio não anda, e nada acontece dentro de mim, tudo é tão inreversível ao ponto de chegar a pensar que o mundo inteiro vai mudar e eu serei a única a ser eternamente submissa a sentimentos e vontades que só afundam ainda mais o meu peito nesse oco, onde o tempo não passa e nada acontece. 

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